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Recebi o colis humanitaire enviado pela solidária amiga Lídia Martinez. Abrir a bela encomenda:  livros, um caderno e as folhinhas dos chãos, das plantas um envelope harmonioso, charmant, encantatório. Folhas secas de «La Pérdue», uma ideia, encenação da Lídia posta em cena, a saltar de palco em palco. 

E ainda, como nos anúncios dos prémios: um Quignard para ler à noite ou de dia, um Bobin entretanto lido. Desconhecia Christian Bobin, mais cristão que católico apostólico romano. Uma lavagem de alma com água da mais pura. Guardo a leitura de Quignard sempre com o mesmo entusiasmo da espera para depois o comer e pairar. Como se escreve desta forma, Pascal? Que segredo, mistério te deu este poder. Maior que um dom. 

Os «meus» explicandos chineses esperam-me, atrasada crónica. Trazem textos recortados, partilhados e ouvem nas ruas vai-mas-é-para-tua-casa. Qual a tua casa? Por enquanto é aqui, mas agora tenho vontade de voltar para a China. Os meus pais fecharam o restaurante e foram. E voltam? Sim. Vão voltar quando isto acalmar. Vamos então «decorticar» este texto. Análise de conteúdo. Sublinhar, verificar palavra a palavra e o encadeamento das palavras. Como as junta o autor? De que forma se lê um texto. Arrumar as palavras, verificar o número de repetições. Procurar as ideias chave. De resto podemos e devemos consultar as fontes com maiores garantias e interesse. Um número significativo de chineses, do sul ou norte, dos baixos aos mais altos, identifica-se e muito com o governo chinês e o seu presidente. Falaram da visita simbólica de Costa ao Martim Moniz e às lojas da Almirante Reis  a desaguar na Rua da Palma.
Quem vive numa bolha protegida,não faz a menor ideia sobre o cuidado, a delicadeza própria dos impacientes chineses. Ficar sentido com a xenofobia é vivido com tristeza e não com raiva. 

Almirante Reis, Rua da Palma, Martim Moniz, um dos meus poisos de periquita. Hoje , as gaivotas subiram à cidade. Vimo-las esvoaçar rente aos automóveis, vimo-las pousar onde os pombos fazem comício. Afastados pelas rainhas do rio desta minha aldeia.  

 

Este morango foi-me oferecido pela Linda. Disse-lhe o habitual xièxiè no que fui recompensada com um obrigado, torci o nariz e ouvi obrigada, eu sou mulher, é obrigada. Sim. Sorrimos. 

 

Que vida, a minha. Que vida a nossa! A vossa.  

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