Seta para cima.Avenida de Roma - Praça de Londres. Do lado do Ministério do Trabalho. Se olhar para o chão encontra este sinal que para mim tem um significado e para si outro terá. Tanto faz. | Farturas, mãe, farturasA mãe come farturas, comemos farturas e depois ficamos alegremente cheias daquela fritura. Um horror estupendo. | f02Não tem som, mas estava a cantar. O segurança do metro ria às bandeiras despregadas porque o tinha avisado: - Olhe que eu vou cantar... | f01- Quem é? - Somos nós os teus cantoooooores Daaaaa matinal cançãaao Ouuuuuvem-se já os ruuumooores | Bloco de Esquerda557 euros. Quantas serão as pequenas empresas que não podem pagar mais que 557 euros? |
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Super MárioO João Soares, juro, anda a tirar pics (ou andou) no Hospital da Cruz Vermelha onde o pai etc. Coitadinho. 90 e muitos anos. | Advogada FátimaO rapaz não calçava meias e no outro dia imitei-o e gostei. Bem agasalhada, calças ganga, ténis sem meias. Genial. | 005.cartazA primeira peça da Cornucópia que vi. Talvez tenha visto a primeira das primeiras. Teatro, para mim, é A Cornucópia que sempre me surpreendeu. Camadona de nervos quando saio para ver o que já vi. Nunca foi o caso da Cornucópia. | IMG_6531 | IMG_6646Mulheres. |
IMG_6075Cão do cigano. | IMG_5938Cão da cigana | As especiarias da mãeEstes frascos usavam estar dentro de uma estante com prateleiras à medida. Agora estão nos altos da chaminé anos 60. | IMG_5601Choveram canecas, palhaços, leões, circos e pesadíssimos bisontes. Choveram cordas. | IMG_6050O meu posto de comando e observação mundial. |
IMG_5796A colecção de jarros. Ou jarras. A cordinha encarnada serve para as bananas. | IMG_5797Cozinha. É na cozinha que se passam os melhores momentos. Não há cama sem cozinha. | Manta coloridaSe o Cão deitar o dente a esta manta, mato-o. | IMG_5246As fabulosas folhas da árvore da borracha dos jardins intersticiais do bairro das estacas. Sim, vejo passar ratazanas. | IMG_6508_editedSe a imagem foi editada é porque foi editada. O poema é de Tranströmer morrido no dia 26 de Março de 2015. Lembro-me porque tinha falado com a médica. |
IMG_6515_edited_editedTranströmer do livro «The great enigma» | IMG_6510_editedTranströmer e mais nada. | IMG_6503_editedTranströmer. | IMG_6505Parecem as veias das mãos de pessoas velhas. | IMG_6506Aqui já vejo as minhas veias. Salientes e bailarinas. |
IMG_6509veias. | IMG_6501Tranströmer | IMG_6502Tranströmer | IMG_6474Ouka Leele 1979 ou 1980 ou nem uma coisa nem outra. Não vou verificar. | IMG_6475Mais da Ouka |
IMG_6473Capa do número 150 da «Manière de voir». Ouka Leele reencontrada. |
A «Manière de Voir» nº 150 é dedicada às mulheres. A brilhante participação de Ouka Leele foi o que me levou até ao desejo de comprar a publicação. Enfim sós. A série «Invraisemblances» de 1979 - 1980 acompanha artigos de Elise Luhr Dietrichson passando pela escritora palestiniana Sahar Khalifeh ou Khalifa (nunca percebi como se escreve) autora do inspirado e meu adorado «Wild Torns» cujo exemplar não encontro no meio das pilhas de livros, uns atrás dos outros. Há-de aparecer. Convém então como «Wild Torns» se entrega a quem o lê com descrições vívidas da paisagem tensa da «promised land». Sincera, digo-me baixo: é tudo o que a pobre Alexandra Lucas Coelho quer ser e nunca será. É preciso saber viver, talvez viver com a intensidade que Sahar passa para a escrita, não sei nem me interessa se com maior ou menor facilidade. Neste nº 150, Sahar recorda o nacionalismo árabe no que ela considera serem os «anos de ouro». Assim, descreve as ruas efervescentes. Homens, mulheres, crianças, as livrarias carregadas de livros, as ideias, os debates, o espaço para a discussão rebelde e crítica. Quem imaginaria? É ela quem nos conta sobre as mulheres iletradas que começavam a sair sem véu, e das que se licenciaram. Da mini-saia, sim usava-se mini-saia: «Nous voulions vivre comme eux sans qu'ils nous dominent».
Isto neste estado de viva euforia cosmopolita até 1967, até Nasser chegar ao poder e com o armamento dos islamistas a cargo da América, mãe de todas as partes do mundo. Por esse tempo, combater a «ameaça» comunista era a prioridade dos Estados Unidos com a sua estátua da liberdade vigilante e cúmplice de Ben Laden.
O testemunho de Sahar é naturalmente informado e sentido. A referência à ocupação da Palestina por Israel em 1948 provocou uma visível degradação na vida do povo palestiniano com um impacto na condição feminina que conheceu em 1967 a mais dilacerante derrota perante os fundamentalismos armados pela política oportunista dos Estados Unidos. Sahar acusa, sem receio, as teias que prendem os movimentos das mulheres árabes: a burqa simbólica que a escritora recusa: «le visage sombre, la tête basse, le corps informe, incapables de penser et de s'exprimer».
Já tive mais paciência. Agora gosto mais de ter tudo pronto. Os olhos fecham-se-me enquanto olho para o computador. Não aguento mais o tempo que aguentava enquanto desenhava um blog muito engraçado: my life is a game. Creio que nem no Web Archive se apanha. Foi a minha primeira tentativa de rebentar com os templates que tornavam tudo igual. Depois, como de costume, apaguei mais de metade.
Se tenho uma obra, deve ser esta. A que fica pelas centenas, são centenas, de experiências feitas por aqui. Raramente assinadas. Nada divulgadas. Entre outros segredos esquisitos que podiam não ser segredos.
Passei horas da minha vida a experimentar códigos, a estragar o que fizera de tão belo. Tenho a mania que terei sido das primeiras a dar a volta a isto dos blogs. Depois, um António de longe explicou-me que as imagens estavam partidas e que as devia hospedar algures. Li tanto sobre isto, quase até à exaustão. Mas foi o António quem resolveu muita da minha graça.
Parte da revolução passa pela compreensão desta língua. Não a que estás a ler, mas a que suporta o que lês, as imagens, cores.
Mona Chollet nunca me encantou. Demasiado moralista para meu desgosto, desta vez surpreende-me com «Vendre son corps, une étrange liberté» porque associa a prostituição à oleada máquina capitalista. Com argumentos interessantes, Chollet atira-se à esquerda como gato ao bofe. Creio que se refere à esquerda que ela conhece e com quem convive: a esquerda rebelde, impostora que das suas recheadas bibliotecas e retórica do caraças, «pensa» sobre a prostituição. De facto, puta que pariu esta esquerda. Calha-me tão bem o palavrão.
Na pornografia, que não me ofende, encontro o mesmo olhar conservador da mesmíssima esquerda. Mesmo que não perceba muito bem porque insisto em chamar-lhe esquerda. A pornografia é conservadora porque nos retira, por completo, a capacidade de fantasiar. Quando se olha a coisa porno, somos literalmente encostados à parede, despossuídos.
Os dias correm opacos, estranhos. Olho para o meu corpo magro, agora mesmo magro e sinto-me bem. Deitada, observo o tecto como me calha ser habitual enquanto não penso, penso, durmo, adormeço, leio ou converso. Os meus pensares andam muito dedicados à injustiça.
Portugal continua no mesmo exacto sítio apalhaçado. Vejo muita televisão. Stendhal escreveu no dia 31 de Dezembro de 1804: «Je pourrais faire un ouvrage qui ne plairait qu'à moi et qui serait reconnu beau em 2000». No dia 4 de Março: «Les livres immortels ont été faits en pensant fort peu au style». Acabo por escangalhar-me a rir.
À noite vejo novelas, ou oiço-lhes o enredo, os diálogos que uma vez retirados da imagem têm um peso mais cómico que os profissionais do humor.
O Bloco de Esquerda alinha com o PS no aumento do salário mínimo para 557 euros. E aqui estou a escrever isto antes de ir ver do Correio da Manhã, passar os olhos pelo Público e comprar raspadinhas onde invariavelmente me saem euros. Poucos, mas bons.
Ando a repetir inúmeras vezes: «o raio que os partam» e mais nada.
00:27 Quando é que isto tudo acaba e de vez?